Autor: Darci Garçon
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Nos dias atuais é comum ouvir que as empresas admitem colaboradores priorizando suas competências técnicas e demitem em função de suas caracteristicas pessoais. Isso é verdade em muitas empresas, mas não em todas.
Teria um exemplo a dar, de uma empresa que procede da forma inversa. Lá, vale o primeiro contato. Se você não for visto de maneira simpática quando está sendo entrevistado, não adianta ser prá lá de competente tecnicamente. E pelo baixo índice de turnover que a empresa apresenta, tudo indica que esse procedimento está sendo adequado.
Contudo, devemos entender que simpatia é apenas um indicador e não sinônimo de empatia. Há pontos em comum, mas empatia é algo mais profundo. E é difícil de ser explicada: “habilidade de alguém sentir o que sentiria caso estivesse na situação e circunstância experimentada por outra pessoa”; “habilidade em reconhecer emoções em outras pessoas”; é “sentir-se em alguém”; “Capacidade de se colocar no lugar do outro”. Assim, vemos que há inúmeras definições para empatia, mas, para efetivamente caracterizá-la, o sentimento tem que ser sempre mútuo e profundo entre as pessoas.
Em situação de emprego, no início há um “namoro” entre candidato e empresa, que terá sucesso quando o candidato apresenta conhecimento técnico, vê com simpatia a empresa, o desafio que lhe é oferecido e as pessoas que o entrevistam. Complementado pelo outro lado, quando a empresa percebe que o candidato tem adequadas competências técnicas e preenche os demais pré-requisitos do cargo. Até aí, mal comparando, é como perceber se você vai “simpatizar” com uma pessoa que acaba de conhecer. Neste caso, simpatizar é questão de segundos. Expressão facial, gestos, modo de falar, são alguns sinais que manifestamos e que contribuem para a forma como seremos vistos e que nos farão ser simpáticos ou antipáticos às outras pessoas.
Dizíamos que empatia é um atributo mais profundo, pois, requer manifestações bem mais marcantes para se evidenciar. As pessoas com facilidade para demonstrar/sentir empatia, em geral tornam-se pessoas cativantes e sabem gerenciar relacionamentos. Elas são seguras, auto-confiantes e tratam a todos, indistintamente, como iguais; sabem ouvir e respeitam a opinião dos outros. Não são arrogantes, sarcásticas, destemperadas, nem críticas. Elas tem consciência de que os demais, como elas, não são perfeitas e podem cometer erros.
Esses atributos são os que garantem o sucesso do “casamento” entre o profissional e a empresa. E eles não são percebidos em questão de segundos, como no caso da simpatia, e dependem de relacionamento duradouro ou convivência frequente para que se evidenciem. E ainda que os candidatos a um cargo sejam submetidos a intensa avaliação por meio de baterias de testes psicológicos, só mesmo lá na frente, na realidade do dia-a-dia, é que suas reais qualidades ou seus defeitos vão aparecer. Daí, suas qualidades garantirão a sua permanência no emprego e os seus defeitos – suas características pessoais – provocarão a sua demissão.
Os teóricos* ensinam que empatia pode ser aprimorada e que a base para isso é a autopercepção, ou seja, devemos perceber como nos colocamos e como reagimos à presença de outras pessoas. E devemos ser hábeis e ágeis na mudança de atitudes, quando for o caso. Assim como devemos desenvolver a habilidade de perceber como as pessoas reagem à nossa presença, amoldando nossa postura de acordo com as circunstâncias.
Em situação de trabalho, há alguns atributos que todos deveríamos possuir. Por exemplo, as pessoas serão atraídas e se sentirão confortáveis com você se elas o perceberem como receptivo; sabem que você as entenderá e, portanto, serão receptivas também. Elas querem confiar, querem contar o que está acontecendo, dizer o que estão sentindo. Dessa forma, o relacionamento ficará mais natural e transparente, não dando origem a mal estar, comportamentos agressivos, picuínhas e outros processos destrutivos próprios da convivência numa empresa. Conflitos podem até acontecer mas serão raros e poderão trazer aprendizagem para todos, a partir do respeito ao posicionamento de cada um.
Entendendo os sentimentos das pessoas, com certeza o relacionamento será mais produtivo. Esta situação é importante na vida pessoal e decisivo no trabalho. É por meio da evidência de relacionamento saudável que os profissionais serão mais respeitados e criarão mais chances de crescimento nas empresas onde trabalham; entre outras conveniências, estão mais habilitados para ocupar posições de chefia. Por outro lado, é possível crer que os índices de rotatividade atribuídos às características pessoais seriam menores se houvesse mais preocupação com a empatia.
* Daniel Goleman – Inteligência Emocional
Formado em Pedagogia pela USP, Darci Garçon é head hunter, sócio-diretor da TAG Consultores trabalha há 40 anos em Recursos Humanos.